Beatrice (Novel) - Capítulo 14
Duncan queria que Alexandro se casasse e parecia que, em seu desespero, ele havia subornado todos ao seu redor para conseguir isso.
‘Não serei derrotado desta vez, pai.’
Ele não tinha intenção de ceder. Duncan sempre esperou muito dele, dizendo aos outros que Alexandro seria o imperador algum dia. No entanto, Alexandro não queria ter nada a ver com o palácio imperial, muito menos governar o império. Depois de observar o que o pai fizera para conquistar o poder, Alexandro não tinha interesse em se casar ou constituir família.
Eles haviam feito um acordo: Alexandro, em vez de permanecer na capital e governar o império, desejava ingressar na ordem da cavalaria e conquistar o resto do continente. Embora Duncan não quisesse mandar seu filho para a guerra, Alexandro era insistente e Duncan relutava em fazer com que seu filho fosse arrastado para a luta pelo poder político que estava se formando na capital na época. Ele atendeu ao pedido de Alexandro para ir embora.
Enquanto fazia campanha nos campos de batalha, Duncan solidificou seu próprio poder, para que ninguém ousasse desafiar seu filho em seu retorno. Alexandro trabalhou incansavelmente pela paz do continente, travando seis grandes guerras ao longo de dez anos e desempenhando um papel fundamental na absorção de cinco nações no império.
Cavaleiros e civis concordaram que o continente não poderia ter sido unificado sem o arquiduque e começaram a chamá-lo de herói de guerra. Alexandro, convencido de que havia cumprido seu dever, planejou retornar ao seu ducado e levar uma vida tranquila, com a intenção de nunca mais pisar na capital ou no palácio.
Uma brisa fresca bagunçou seu cabelo castanho escuro. Seus olhos azuis fitaram sua companhia, agora se aproximando dele à distância.
“Sua graça! Eu não posso acreditar que você pulou daquele penhasco só para ganhar a corrida!”
Então, alguém se intrometeu, suas palavras dirigidas à pessoa que acabou de falar: “E eu não posso acreditar que você não conseguiu dar aquele pequeno salto.”
“Pequeno! E foi meu cavalo que temeu o salto, não eu.”
“Que desculpa esfarrapada, meu garoto.”
Alexandro riu e virou o cavalo, refazendo lentamente seus passos.
“Eu só tenho uma vida, Sua Graça. E, por favor, seja mais cauteloso, quando você pulou daquele penhasco, pensei que teria um ataque cardíaco!” Evan continuou, seguindo Alexandro.
Alexandro zombou da ideia de Evan e, mantendo o olhar para a frente, brincou: “Se estou destinado a morrer caindo de uma montanha, então talvez não deva me tornar o imperador.”
Evan engasgou antes de dizer: “Por que você é tão descuidado consigo mesmo, senhor?”
“Se eu morresse em um acidente a cavalo, meu pai não concordaria com esse sentimento?”
Evan só conseguia olhar para as costas de seu senhor, incapaz de responder. As árvores faziam barulho ao balançar com o vento. Passava pouco do meio-dia, mas estava escuro na densa floresta. O cavalo do arquiduque, guiado por seu mestre, avançava, avançava e entrava na escuridão. Evan olhou fixamente para o garanhão preto, cuja beleza estava em maravilhosa harmonia com o físico robusto de Alexandro.
Evan às vezes tinha uma imagem estranha em sua mente – uma em que o arquiduque havia desaparecido sem deixar vestígios, e todos que o conheciam estavam de luto profundo. Mas, nesse cenário, Evan se viu aceitando a situação sem emoções, como se soubesse que isso iria acontecer.
“Isso nunca aconteceria na vida real”, ele reiterou para si mesmo. Que devaneio sem sentido. Ele perseguiu o arquiduque.
Tendo estado ao lado do arquiduque desde seu nascimento, Evan passara mais tempo com Alexandro do que qualquer outra pessoa – ainda mais do que Aaron, o mordomo de Alexandro e irmão de Evan. Evan acreditava ser a pessoa que melhor conhecia Alexandro. Embora as fofocas o elogiassem como herói de guerra e futuro imperador, Evan sabia que Alexandro não tinha absolutamente nenhum interesse em poder ou status.
Na verdade, ele não estava interessado em nada.
Evan considerava o arquiduque “um homem que não tinha apego à vida”. Estando no topo do pedestal desde o início, ele nunca havia perdido nada. E ele também não se esforçou para ganhar algo novo. Ele parecia completamente afetado pela ganância.
‘Mas a vida não envolve apenas perder coisas para ganhar coisas?’
O arquiduque nunca quis realmente nenhuma das coisas que tinha. Este homem de ombros largos era o homem mais solitário que Evan conhecia.
Evan acordou de seu devaneio e apressou seu cavalo para alcançar o arquiduque. O garanhão de Alexandro, trotando lentamente, foi logo ultrapassado pelo cavalo de Evan.
“É pra valer desta vez, você deve me conceder um desejo se eu ganhar!”
Evan esporeou seu cavalo. Para vencer a corrida, ele teve que pular do penhasco.
* * * * *
‘Eu estou no paraíso?’ Aaron pensou consigo mesmo enquanto fechava os olhos. A água quente – apenas um pouco mais quente do que a temperatura de seu corpo – acariciou seu cabelo prateado molhado.
Splash, splash – a água fazia um barulho sensual enquanto ele se movia.
A fragrância que estimulava a ponta de seu nariz era diferente das que havia experimentado antes. Calmante e doce, isso o refrescou, como se ele estivesse no meio de uma floresta. Apesar de não ser robusto, o cheiro foi suficiente para cativar seu espírito.
Ele sentiu todos os seus sentidos intensificados – coisas que antes eram mínimas e imperceptíveis para ele estavam sendo amplificadas em fortes sensações. A água quente e o perfume refrescante, principalmente, o deixavam com um humor extraordinário.
‘Fui transportado para o paraíso?’
Uma voz o despertou de seus pensamentos.
“Perdoe-me, Lorde Cupiheat. Você está se sentindo bem?”
Ele não queria ser incomodado. Todas as suas preocupações e problemas que enchiam sua cabeça tinham, um por um, desaparecido na água.
‘Aquele Duncan serpentino, imperador fantoche, arquiduque inútil, minha única irmã Anna, aquela louca Lady Clara Bandorras… moça.’
“Me deixe em paz.”
Ele ansiava por saborear este momento ao máximo. Um certo sentimento – algo que ele nunca pensou que poderia sentir – o dominou. Ele não queria saber o que exatamente era essa sensação – ele estava com medo de que o conhecimento a fizesse ir embora.
Aaron saiu do banho duas horas depois. Sua pele pálida havia ficado avermelhada e as pontas dos dedos inchadas e brancas devido ao longo banho de água. Acima de tudo, o rosto normalmente vigilante de Aaron estava meio relaxado.
“Irmão, você está bem?”
Ele permaneceu em silêncio, mordendo o lábio como se estivesse com sede.
“Irmão, deve-se beber algo frio e doce depois de um banho perfumado.”
“Isso faz parte da terapia?”
“Não, mas, por favor, tente.”
Anna, com um rosto determinado, ofereceu-lhe uma bebida – um chá de caqui que as senhoras costumavam desfrutar com a sobremesa. Tinto e açucarado, os homens geralmente evitavam isso. Aaron recebeu a xícara de sua irmã. Seu orgulho masculino o deteve.
‘Um banho feminino com óleo perfumado, e agora isso.’ Ele ia recusar o chá e pedir um copo de água fria, quando olhou para Anna e percebeu, nos lindos olhos da irmã, uma espécie de resolução misteriosa. O banho, do qual ele desconfiava, não lhe proporcionara uma experiência incrível?
Ele decidiu confiar em sua irmã mais uma vez. No momento em que seus lábios tocaram o chá frio, ele sentiu uma certa energia emanar de seu corpo aquecido. A doce fragrância e o sabor imediatamente o cativaram, e ele engoliu a bebida direto na garganta. Ele sentiu o frio descer até seu estômago e, tendo esvaziado a xícara rapidamente, não pôde deixar de gritar: “Uau!”
‘Isso é felicidade’, ele admitiu para si mesmo. Este banho foi a experiência física mais deliciosa que já teve.
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Sa-chan: meu deux… depois d tanto mimimi kkk
Tradução: Melissa
Revisão: Cele
Obrigada pela leitura. ^-^