Beatrice (Novel) - Capítulo 17
O cavalo, emitindo um gemido de dor, tentou se levantar. Ele não tinha esquecido as mãos gentis que dariam carícias quentes em sua pele. Tentando se levantar e caminhar em direção ao rosto amado, ele cambaleou e caiu novamente no chão.
O nome do cavalo era Howl.
“Abra o recinto.”
Se qualquer outra pessoa tivesse feito essa ordem, ela teria sido recusada por precaução. No entanto, foi o arquiduque Graham quem disse essas palavras. Sua presença dominadora, que sugeria que ele provavelmente poderia domar qualquer cavalo ou mesmo um tigre com as próprias mãos, fez com que os cavalariços o obedecessem sem questionar.
Alexandro acariciou suavemente a cabeça de Howl. O cavalo acenou com a cabeça como se estivesse respondendo, e se deleitou com o carinho.
O cavalo do arquiduque, Chsantos, era filho de Howl. Howl e Alexandro têm uma longa história – eles passaram a infância juntos.
Desde o dia do nascimento de Alexandro, Duncan anunciou seu filho para outras pessoas como o futuro imperador. Dado o poder e o status em que nasceu, Alexandro teve dificuldade em encontrar amigos de verdade.
Embora Howl não pudesse falar, ele era um companheiro maravilhoso. O jovem Alexandro estava faminto do amor de seus pais, e Howl se separou dos dele logo após o nascimento. Os dois precisavam um do outro.
Alexandro começou a montar Howl aos dez anos. E cinco anos depois, ele experimentou sua primeira batalha, durante a qual Howl pegou uma flecha para ele e ficou ferido por um mês inteiro. O jovem Alexandro sentia profunda apreciação e culpa pelo animal. Isso o fez treinar mais e se tornar mais forte – ele sentiu a necessidade de ser poderoso para proteger aqueles que queria.
Felizmente, Howl se recuperou totalmente.
Mesmo que ele quisesse montar Howl novamente, o capitão dos cavaleiros não poderia usar um cavalo que havia sido ferido anteriormente. Isso o forçou a escolher Chsantos.
Mas Howl ainda era extraordinário e, com pena do corcel trancado nos estábulos o dia todo, Evan se ofereceu para levar Howl para si. Isso acabou sendo um arranjo maravilhoso, já que Alexandro podia ver Howl com frequência, e Howl podia continuar avançando pelo império. Evan valorizava Howl por ter salvado a vida de seu senhor.
Ver Howl em seu estado atual partiu o coração de Alexandro.
‘Mas não podemos poupá-lo.’ Howl feriu Evan. Mandar manter Howl vivo não seria o tratamento adequado para seu homem favorito.
Alexandro se sentou e acariciou a crina de Howl por um longo tempo. O cavalo estaria morto na próxima semana.
“Eu voltarei.”
Ele finalmente se levantou e instruiu os cavalariços a alimentar o cavalo com suas coisas favoritas. Alexandro queria que os últimos dias de Howl fossem felizes. Seus passos eram pesados.
‘Nada bom sempre acontece na capital.’ Alexandro mal podia esperar para deixar esse lugar para trás.
* * * * *
“Então você está dizendo que as plantas em Nalusuwan são perigosas para os animais, mas benéficas para os humanos?”
Depois de ponderar sobre Nalusuwan a noite toda, Chloe estava convencida “o cavalo deve ter comido folhas gêmeas.” Pensando em seus olhos de obsidiana, ela saíra de seus aposentos de manhã cedo e esperava Jorge.
“É apenas meu palpite, senhor. No entanto, tenho certeza de qual planta o cavalo comeu.”
“Qual planta?”
“Quando um animal ingere folhas gêmeas, ele perde o sentido de direção, gira em seu lugar, começa a ter sangramento nasal e, eventualmente, morre. Esta erva prospera em lugares úmidos, e quando eu estava em Nalusuwan, eu vi um grande número delas perto de cada riacho.”
Jorge olhou para Chloe, fascinado.
“Sim, embora o Vice-Grão-Mestre diga que o cavalo só bebia água ali, é possível que o cavalo também pastasse nas folhas gêmeas. Mas como tratamos o cavalo?”
“Existe uma planta que atua como antídoto.”
“Você pode obtê-la?”
“Sim senhor. Vou levar para o cavalo hoje!” Chloe sorriu. Jorge imediatamente chamou uma carruagem e ordenou ao cocheiro que a levasse à montanha. Ela saiu correndo da farmácia com grande entusiasmo. A confiança dela fez Jorge sorrir.
‘Vai relinchar por ser poupado após tudo?’ Jorge acreditava que matar Howl seria um grande desperdício.
Evan era um homem generoso e de bom coração – se ele entendesse que Howl havia sido envenenado e se ele pudesse ficar saudável novamente, ele poderia reconsiderar a morte do cavalo. ‘Ele pode não montar em Howl novamente, mas pode mantê-lo vivo. Eu deveria perguntar a ele.’
* * * * *
“Você novamente?” O cocheiro, o mesmo homem do dia anterior, queixou-se de ter de voltar a Nalusuwan. Chloe continuou suas desculpas.
‘Esse pobre cavalo.’ Ela sentiu profunda simpatia por Howl, morrendo em sua jaula quando ele deveria estar correndo pelos prados, e saboreando a liberdade. Ele não tinha feito nada de errado.
O cocheiro havia dito a ela que o animal tinha que ser morto, em vez de ter permissão para morrer sozinho – ele tinha que pagar o preço por ter derrubado seu dono.
‘É incrível o que o poder pode fazer no presente mundo.’ Ela sabia disso muito bem. As pessoas poderosas ao seu redor a forçaram a abandonar seus amigos, casa e tudo mais, e se casar com um homem que ela não queria.
Ao ver os olhos de ébano do cavalo pela primeira vez, ela sentiu uma forte afinidade com ele. Sua aparência – olhos castanhos escuros e cabelo preto – não era comum na área. Ela nunca tinha visto ninguém que se parecesse com ela, embora tivesse ouvido que essas pessoas existiam em algum lugar no exterior. E a maneira como este cavalo foi usado e descartado – ela sentiu que se assemelhava a sua vida em El Passa.
‘Vou salvar você, cavalo preto, ela resolveu, apenas espere em um pouco mais!’
Assim que chegou a Nalusuwan, ela escalou a montanha freneticamente, convencida de que tinha visto flores de âncora no segundo pico. Levou menos de duas horas para chegar ao topo, e as flores estavam realmente crescendo ali.
‘Eu provavelmente vou precisar de muito.’ Embora ela já tivesse tratado porcos e cães com esta erva antes, ela não sabia a dosagem correta para um garanhão grande. Ela precisava levar flores extras para o caso.
Ela começou a colher as flores com um propósito, coletando uma boa quantidade no final. Ela percebeu que, na pressa, havia se esquecido de trazer uma bolsa. Ela precisava ir com o último recurso.
‘Que bom que eu estou vestindo calças!’ Embora impróprio, ela decidiu enfiar as flores dentro das calças. Ao terminar, parecia uma abóbora ambulante, mas não se importou nem um pouco.*
Chloe começou a usar calças em vez de vestidos devido à atividade física exigida por seu trabalho. Dada sua aparência moleca, ninguém a repreendeu por isso. Ela se sentiu extremamente sortuda por ter feito a troca.
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*Melissa: imagina descer uma montanha com um monte de mato na calça no sol quente…
Tradução: Melissa
Revisão: Cele
Obrigada pela leitura. ^-^