Beatrice (Novel) - Capítulo 22
O arquiduque não mostrou nenhum interesse por mulheres, fazendo Aaron questionar a orientação sexual de seu mestre. Porém, segundo Evan, irmão de Aaron, há alguns anos na zona de guerra, Alexandro mantivera relações com prostitutas ou com as mulheres que lhe eram enviadas em homenagem pelos países que havia derrotado. Considerando isso, não parecia haver problemas físicos.
No entanto, os tipos de mulheres com quem ele dormiu sugeriam que ele preferia aquelas que podiam satisfazer suas necessidades, mas com as quais ele nunca teve que se envolver.
Talvez ele simplesmente não confie nas mulheres. O trauma envolvendo sua mãe impediu o arquiduque de depender ou de construir amizades com mulheres. Isso tornava o trabalho de Aaron impossível. Como ele convenceria um homem assim a se casar?
Como se totalmente inconsciente dos problemas de Aaron, o arquiduque se dedicou completamente aos preparativos para o torneio de combate, passando apenas suas horas de sono na mansão. Pensar nele fez a cabeça de Aaron latejar.
‘Essa dor de cabeça está me matando.’
Aaron parou de organizar os papéis do arquiduque e se apoiou na mesa em seu cotovelo, apertando ambas as têmporas.
‘Banho … preciso do banho perfumado. Quando é que a menina escrava volta?’
Aaron sentia saudades da escrava recatada, que fora fundamental para controlar seu estresse. A garota – cujo nome ele sabia, mas não queria pronunciar – era muito perspicaz.
No entanto, ela com certeza era estranha. Ela nunca falava a menos que alguém falasse, sua resposta sempre limitada a ‘sim, senhor’ ou ‘não, senhor’. O pior é que, depois de um mês inteiro ajudando em seus banhos, ela nunca mais o olhou nos olhos. Ela era nervosa, cautelosa e tímida.
‘Bem, você não iria querer que ela fosse tagarela durante seu tempo de banho.’
Apesar de suas peculiaridades, Aaron sentia falta dela imensamente.
‘Eu deveria estender a mão e perguntar sobre ela.’
* * * * *
“Então, qual é a sua história?” Entediado durante a caminhada montanha acima, Trigger puxou conversa com Chloe. Era natural que ele tivesse curiosidade por ela – uma escrava estudando medicina com Jorge e correndo tentando curar um cavalo.
“Eu … costumava ser um escrava em uma farmácia diferente, senhor. Trabalhei lá toda a minha vida e adquiri alguns conhecimentos aqui e ali, o que me permitiu servir ao Dr. Nanapa.”
Trigger acenou com a cabeça como se entendesse, mas, na verdade, ele não estava convencido.
‘Ufa, para um escrava que escolheu ser algumas coisas aqui e ali, Dr. Nanapa parece que realmente valoriza ela.’
Ele se lembrou do guarda nos estábulos, que implorou para que ele monitorasse a escrava o tempo todo, apontando que os dois estariam mortos se ela fugisse. O guarda queria que Trigger a mantivesse em uma coleira feita com uma corda – Trigger mal o persuadiu de que não seria necessário.
“Heh” a imagem do rosto do guarda o fez cair na gargalhada. Chloe olhou para ele com curiosidade, mas continuou subindo a montanha em silêncio.
Uma hora depois, quando eles finalmente chegaram ao pico, Chloe começou a olhar ao redor em busca de flores de âncora.
“Uau, eu nunca vi isso antes.” Trigger se ocupou olhando para a paisagem sob seus pés, geralmente proibida para plebeus não autorizados a entrar em vastas montanhas. Nunca tendo escalado tal montanha antes, Trigger estava totalmente ocupado com sua apreciação da vista, enquanto Chloe estava absorta em sua busca.
“Eu os encontrei.” Tendo identificado um canteiro de flores de âncora, Chloe se sentou e se concentrou em colhê-las. Seria um incômodo voltar para Nalusuwan – encontrar o cocheiro, pedir-lhe que a levasse até a montanha e passar horas na viagem. Ela trabalhou rápido para coletar o máximo possível.
Eles voltaram ao centro de treinamento um pouco depois da hora do almoço. O cavalo parecia mais animado do que no dia anterior. Chloe, encantada, começou a alimentá-lo com mais ervas.
“Cavalo preto, coma e melhore logo.” A vigorosa mastigação do garanhão a encheu de uma sensação de dever cumprido, recompensando-a pelas subidas e descidas da montanha. Ela ficou totalmente obcecada em alimentar o cavalo.
“Chloe, você está bem?” Ela se virou com a voz repentina.
“Dr. Nanapa!”
“Ouvi dizer que eles prenderam você nos estábulos …” Ele lamentou o estado em que Chloe se encontrava. Todo o seu corpo estava coberto de terra da montanha, e seu rosto e membros estavam todos arranhados.
No entanto, seu semblante era brilhante. Feliz por ver Jorge, seu rosto sorridente e seus olhos brilhantes não sugeriam que ela estava sendo obrigada a morar nos estábulos. Ele não conseguia esconder sua simpatia por aquela linda garota.
“Eu estava preocupado com você.”
Chloe ficou comovida com isso, mas decidiu não deixá-lo saber. Expressar qualquer sentimento pessoal a Jorge, poderia torná-la dependente dele.
“Obrigada, mas estou bem. E o cavalo está melhor. Comecei com o antídoto ontem e …” Ela continuou a atualizá-lo sobre a condição do animal e suas viagens para Nalusuwan. Pelo que ela vira, Nalusuwan não abrigava muitas plantas venenosas para os humanos.
Chloe se perguntou por que o império era tão indiferente ao desenvolvimento da enfermagem e da medicina. Em Elpassa, este foi considerado um trabalho valioso, motivando até alguns aristocratas a estudar as disciplinas. Mas não parecia ser o caso no império. Não havia interesse aqui em nutrir enfermeiras e médicos.
‘Isso é por causa de todas as guerras?’ Chloe estava curiosa, mas hesitou em perguntar a Jorge, pois tinha medo de que isso levasse a outra conversa interminável. Mesmo assim, os dois acabaram tendo uma longa discussão.
“Eu volto em breve.” Jorge deixou os estábulos com relutância. Sua preocupação foi amenizada apenas pela observação de Chloe de que ela seria capaz de curar Howl e deixar os estábulos em breve.
Chloe riu dos olhos brilhantes do cavalo. Embora tivesse pena de si mesma por ter sido trancada nos estábulos, ela sentiu um orgulho enorme ao vê-lo gradualmente recuperar suas forças. Ela escolheu permanecer otimista.
‘Eu deveria ir para Lady Anna em breve, assim que eu terminar aqui. Ela tem um coração tão gentil, ela deve estar preocupada sobre mim.’
Ela também tem que continuar organizando o armazenamento de medicamentos. Ela mal podia esperar para voltar à farmácia e retomar o trabalho. ‘Onde eu parei?’ Lembrando-se das drogas uma a uma, Chloe adormeceu ao lado do cavalo.
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Tradução: Melissa
Revisão: Cele
Obrigada pela leitura. ^-^